Delegada que investiga mortes em UTI diz que sigilo garante ‘ordem’
Médica presa é suspeita de eutanásia. Advogado dela classificou prisão como ‘precipitada’ e acredita em ‘equívoco’.
Do G1 PR:
A delegada do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde de Curitiba, Paula Christiane Brisola, falou sobre a investigação de mortes ocorridas na UTI do Hospital Evangélico da cidade. Ela evitou comentar detalhes do inquérito, que segue sob sigilo de Justiça, mas garantiu que os esforços da polícia estão voltados para o levantamento de provas sobre os casos.A médica Virgínia Soares de Souza, que dirigia o setor de UTI do hospital, foi presa na manhã desta terça-feira (19) em uma operação para investigar uma série de mortes na UTI do segundo maior hospital da cidade. Ela é suspeita da prática de eutanásia, que é a indução à morte com consentimento do paciente, além de maus tratos aos internados.“O inquérito policial é acobertado por sigilo para resguardo da intimidade das pessoas envolvidas e também para garantia da ordem pública”, afirmou Brisola. A investigação policial começou há cerca de um ano, após denúncias que partiram de funcionários do próprio hospital. “As famílias podem procurar a delegacia para fazer denúncia por telefone, pessoalmente. Nós estamos recebendo denúncias de situações, e inclusive ex-profissionais que atuaram no hospital”, disse ainda a delegada, que começou a ouvir 30 funcionários do Evangélico.A médica prestou depoimento na tarde desta terça, mas o conteúdo não foi divulgado em virtude do sigilo. Porém, o advogado de defesa da médica, Elias Mattar Assad, conversou com o G1 na tarde desta terça-feira. Ele afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito contra a cliente, mas que irá pedir cópias dos procedimentos, inclusive mídias que foram incluídas no processo. Ainda assim, ele classificou a prisão de Souza como “precipitada”.“Vou entrar com um pedido de revogação dessa prisão precipitada. Ela reside há mais de 20 anos no mesmo endereço, desde 1988 é médica no Evangélico e nunca teve nada contra ela, nenhum registro no Conselho Regional de Medicina. É uma pessoa de bem”, disse o advogado. Assad se disse convicto da inocência da cliente, que, segundo ele, foi vítima de equívoco de companheiros de trabalho que não compreendiam o jargão da medicina intensiva.“Foram interpretações equivocadas que deram. Por exemplo, quando o médico fala em reduzir os parâmetros do respirador, não quer dizer que vai matar o paciente. Significa que para cada paciente tem um nível que precisa ser modulado. Há uma série de equívocos”, apontou Assad, com referência aos questionamentos feitos durante o depoimento.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela sua participação em nosso blog, sua mensagem será avaliada e depois anunciada!